Medidas
Ceramistas aguardam soluções para crise
Setor extinguiu aproximadamente 400 empregos em 2019 na cidade
Paulo Rossi -
Um dos setores mais tradicionais da indústria de Pelotas atravessa conjuntura adversa. Base da economia da Sanga Funda, na Zona Norte da cidade, as olarias têm sofrido com a concorrência das fábricas oriundas de Santa Catarina. Oito empresas já fecharam as portas, extinguindo cerca de 400 empregos diretos.
A crise começou a se agravar há quatro anos e, de acordo com empresários locais do setor, tem raiz na diferença do que é pago em energia elétrica aqui e em Santa Catarina, onde a conta chega a ser 50% menor. Por conta disso, na hora da venda os tijolos catarinenses são negociados a um preço consideravelmente menor. E tudo se torna cíclico: os demais itens necessários para a produção, como o óleo e a lenha, sofreram nos últimos anos um reajuste que os produtores não tiveram como repassar no preço final.
O resultado tem sido drástico: só em 2019 seis olarias fecharam as portas, extinguindo aproximadamente 400 empregos diretos. Desde 2017 o número de fábricas diminuiu de 29 para 21. “Não estamos conseguindo colocar o nosso tijolo em Bagé e os catarinenses conseguem. Não estamos achando saída”, lamenta o ceramista José Rabassa. Ele lamenta também que, dentro de Pelotas, as construtoras tenham optado por outro tipo de trabalho, substituindo o tijolo pelo pré-moldado.
Rabassa critica o que entende como marasmo do Poder Público rem relação ao problema. “Pedimos na Caixa que os financiamentos do Minha Casa, Minha Vida utilizassem o nosso produto. Ficou só na conversa. Fomos na CEEE falar das nossas dificuldades e o retorno não foi positivo. Agora pode surgir ainda a taxa de iluminação pública.”
A presidente da Associação dos Ceramistas de Pelotas (Acerpel), Olga Regina Azevedo, acrescenta que, em maio de 2018, houve o pedido à prefeitura para que um terreno dentro da Sanga Funda fosse cedido para retirada de argila. Mais de um ano depois, o projeto ainda não teve andamento. “A Sanga Funda vive das olarias. Sem elas, podemos virar um bairro de criminalidade”, frisa.
Mercados
Atualmente, os principais mercados para onde as olarias de Pelotas conseguem escoar a produção são o Uruguai e as regiões Sul e Serrana do Rio Grande do Sul. Estima-se que sejam produzidos seis milhões de tijolos por mês. Em retornos de impostos para o município, o cálculo é de R$ 6 milhões mensais, além dos 600 empregos diretos gerados.
O que diz a prefeitura
Em nota, a prefeitura de Pelotas afirmou ter recebido a solicitação de ajuda do Poder Público por parte dos oleiros. “Na ocasião, ficou acertado que o grupo vai preparar um documento com todas as demandas a serem entregues à Prefeitura nas próximas semanas. A partir de então, a Administração Municipal vai avaliar cada um dos tópicos e definir o que pode ser feito para auxiliar os oleiros a solucionar as suas dificuldades”, diz o texto.
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